07/09/2021 17:09h - Brasil - Política
Presidência 'saindo dos trilhos' e possível 'prelúdio para golpe' nos atos de 7 de setembro
Bolsonaro em ato na Paulista neste 7 de setembro; imprensa internacional destacou 'tons antidemocráticos' das manifestações - Foto: EPA

O jornal argentino El Clarin afirmou que Bolsonaro esperava juntar dois milhões de manifestantes no ato em São Paulo (segundo a PM paulista, porém, houve 125 mil pessoas no protesto), mas ponderou: "É difícil imaginar tamanha multidão na emblemática Avenida Paulista, pois nas últimas manifestações o presidente reuniu apenas algumas dezenas de milhares na cidade mais populosa do país."
O jornal concluiu o dia com a informação de uma "manifestação multitudinária em que se destacaram os tons antidemocráticos".
O El Clarin também destacou mais cedo uma entrevista com o cientista político Geraldo Monteiro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que diz que este dia de mobilização pode "marcar um ponto de virada" no Brasil.
"Se for bem-sucedido, Bolsonaro oferecerá uma 'demonstração de força que pode lhe dar mais margem de manobra' e um novo impulso para as eleições presidenciais de 2022, nas quais, segundo as pesquisas, seria amplamente derrotado pelo ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva", disse o jornal argentino.
"Mas, em caso de fiasco, o presidente ficará "ainda mais acuado", sob o risco de ser abandonado por seus aliados políticos e pelo mundo empresarial."
O francês Le Monde destacou a frase de Bolsonaro de que "uma nova história começa a ser escrita no Brasil a partir de hoje (7 de setembro)", dizendo que o presidente buscava dar mostra de forças em momento de uma grave crise institucional.
Esplanada dos Ministérios
Ainda no britânico Guardian, foi noticiado o episódio na noite de segunda-feira (6/9), em Brasília, em que manifestantes pró-Bolsonaro romperam um bloqueio da PM de Brasília e invadiram a Esplanada dos Ministérios, em área próxima ao Supremo Tribunal Federal.
A reportagem do The Guardian destacou a fala de uma manifestante contra os policiais que trabalhavam na segurança da Esplanada: "Deus vai fazer você pagar por isso. Vocês, comunistas", diz a manifestante, em um vídeo citado pelo jornal.
O episódio da invasão da Esplanada dos Ministérios também foi tema de reportagem da revista alemã Der Spiegel, que levantou comparações com a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro deste ano por apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump.
"Apoiadores do presidente extremista de direita Jair Bolsonaro romperam uma linha policial na capital brasileira. Centenas deles superaram um cerco com caminhões e carros na véspera do Dia da Independência do Brasil, segundo a polícia de Brasília. Eles chegaram à avenida que dá acesso ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal do país e que estava fechada por motivos de segurança", diz o Der Spiegel.
"O governo da capital enviou 5 mil policiais para proteger os prédios públicos por causa das manifestações anunciadas para o Dia da Independência. As autoridades querem evitar cenas semelhantes à tomada do Capitólio dos EUA por partidários do então presidente Donald Trump em janeiro."
A revista alemã também noticiou o decreto de Bolsonaro dificultando a exclusão de conteúdo por plataformas da Internet.
"Bolsonaro está sob pressão um ano antes da eleição presidencial, devido aos números extremamente baixos das pesquisas e à economia em declínio", disse a revista.
By: BBC News